quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

...



"...acho que nos momentos de tristeza, devemos olhar para o céu em vez de chorar..."

(Stª Teresinha do Menino Jesus)

Estes dias deviam ser de uma alegria imensa... afinal, é mais um 'grão de trigo' que vai dar fruto; que vai mostrar, em terras de África, como é reconfortante o 'colo de Deus'.

Mas fica o vazio da presença fisica...

Vou tentar olhar mais para o céu...

Espero-vos cá...



"Aos vinte anos decidi tornar-me missionário. Pensava na África mas foi óptimo passar 25 anos no Brasil. Fiz o que a Igreja pediu e a realidade impôs: ao formar equipas de celebração Dominical e criar grupos bíblicos; firmou-se o compromisso com a evangelização dos lavradores, apoiando os seus direitos e a sua organização.


Horas duras, tempo bonito... Pensei que seria esse o caminho da minha vida. Mas a bola é redonda e pequena.


Chamado a Portugal, gastei 15 anos a estimular esta Igreja para a Missão: leigos, religiosas, padres, cada igreja local a abrir-se ao Todo...


A globalização trouxe muita miséria mas ofereceu enormes oportunidades, meios para unir povos e culturas, juntar os melhores para a luta por um mundo mais justo e fraterno. O futuro nasce dos marginalizados, das veredas por onde Jesus passa. A interactividade entre pessoas, povos e comunidades é fundamental. Fora disso não há salvação. Indio isolado é almoço de onça.


Os LBN nasceram em Setembro 1995, com o lema "partindo para ficar do lado de quem mais precisa". Muitos foram e vieram. A caminhada firmou-se. Um núcleo duro de valentes garante o futuro.


Malema foi a nossa primeira "terra de missão". É aqui que podereis encontrar-me a partir de agora. Área:4000Km2. População 100.000 habitantes, metade crianças até aos 15 anos. Falam português 36%. Taxa de analfabetismo: 72%. São dados do censo de 97. Espero que tudo tenha melhorado desde então.


A primeira equipa desejava uma escola. Agora temos duas: Escola Profissional de Malema e Escola Agrícola de Nataleia. Duas estruturas para formar homens para o trabalho e para a vida. Há anos ouvi uma autoridade de Malema: "para mim desenvolvimento é todas as famílias terem cadeiras, uma mesa e um prato de comida em cima." A Igreja quer contribuir para esse tipo de desenvolvimento que abrange toda a pessoa, todas as pessoas e todos os povos.


Nestes dias partem 4 missionários da Boa Nova para Moçambique: P.Samuel, Ir.Eduardo, Ronaldo e eu. Mas o desafio é maior do que nós e todos somos poucos para tecer esta rede inter-activa. Leigos são fundamentais para fermentar a massa.


Cá vos esperamos. Até breve.


Maputo, 16 de Dezembro de 2009


P.Jerónimo Nunes



segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Presidente da República distinguiu Irmã Conceição


O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, condecorou a Irmã Conceição Laranjeiro com o grau de Comendador da Ordem da Instrução Pública durante a visita que efectuou à região de entre Douro e Vouga, no âmbito da 1ª Jornada do Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras.
A distinção visava distinguir “personalidades e instituições que se distinguiram, enquanto agentes inovadores, ao longo das suas vidas e no exercício das suas actividades”.
A Irmã Conceição Laranjeiro integra a Comunidade das Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo, instalada na Fundação Condessa de Penha Longa, em Cucujães, Oliveira de Azeméis. Ao longo de 58 anos, tem dedicado a sua vida ao serviço dos pobres.
Presente na sessão de entrega da insígnia, Hermínio Loureiro, presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, considerou a homenageada uma pessoa “com um trajecto de vida invulgar”.
“A Irmã Conceição foi alguém que ensinou gerações e os valores e princípios da vida sempre a pensar naqueles que mais precisam e nos que sofrem, por isso foi com muito gosto que vi o Presidente da República reconhecer este esforço e esta dedicação às causas sociais”, afirmou o autarca.

Percurso
Nascida a 20 de Dezembro de 1930, a Irmã Conceição Laranjeiro iniciou a sua actividade na freguesia de Cucujães em Maio de 1971 onde integrou a Comunidade das Filhas da Caridade e foi enfermeira na unidade de saúde local entre 1976 e 2000.
Desde sempre o seu trabalho distinguiu-se no apoio aos pobres, aos desprotegidos, aos doentes e aos idosos, na evangelização e na dinamização da juventude.
O seu exemplo de vida e trabalho foram reconhecidos pelo Presidente da República ao elogiar a sua visão estratégica, a sua capacidade empreendedora e o seu testemunho de amor aos outros.
Em breves palavras, a homenageada sublinhou que “as Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo não nasceram para fazer discursos nem para receberem homenagens mas sim para servir os pobres” e as “comunidades onde estamos inseridas, no que lhe seja útil”.
“As vocações são um dom de Deus dado à comunidade para enriquecimento, crescimento das pessoas a todos os níveis: humano, social e espiritual”, disse ainda.
“O que eu faço é graças a uma comunidade em que estou inserida pois o projecto de servir é de toda a comunidade”, advertiu a Irmã Conceição Laranjeiro depois de receber das mãos do Chefe de Estado a condecoração de «Comendador da Ordem da Instrução Pública».
São vários os testemunhos de quem conviveu de perto com a religiosa, destacando-se a sua força interior, a motivação para desenvolver projectos, a sua coragem, determinação, dedicação à causa divina e o seu papel no desenvolvimento social e humano da comunidade que abraçou durante largas décadas.

Ecclesia (Com Gabinete de Comunicação e Imagem - Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis)


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ainda o humor

"Estou farto de ser digno.

Estou farto de ser honrado.

Estou farto de ser formal,

maduro,

sério,

responsável,

cumpridor.

Estou farto!

Disse Deus, e calou-se.

Escandalizaram-se todos os homens dignos,

e os honrados,

e os formais,

e os maduros,

e os sérios,

e os responsáveis,

e os cumpridores,

e levantaram-se à uma

e disseram todos juntos em coro:

Que barbaridade!

E as suas dignas mulheres

puseram-se também em pé

e repetiram em uníssono:

Que barbaridade!

E Deus deu um salto muito grande.

E disse:

Miau

Miau

Miau.

E soltou uma enorme gargalhada

que se ouviu no cume do Himalaia".

(De Francisco Loidi)





Disparates religiosos


Do livro "Deus é humor" de Felix Núñez Uribe


"Vou proporcionar-lhes uma ocasião de sorrir. Com um pouco de humor e de inocência à mistura. A inocência de alguns estudantes que responderam disparates nos exames de religião e o humor de um professor que compilou as respostas e fez com elas um livro.

O autor da obra é Luiz Díez Jiménez e o livro intitula-se "Segunda antologia do disparate". É para verem que também com a religião se pode fazer bom humor, sobretudo quando não se sabe muito bem por onde sopra o vento. Aqui ficam algumas das definições transcritas das provas de religião.

-O Credo. Creio em Jesus Cristo, concebido por obra de Engrácia, do Espírito Santo.

-Quem é o Espírito Santo? Uma pomba.

-Abraão. Deus amava tanto Abraão quelhe deu um filho velho.

-A Consagração. O proncipal momento da Consagração é quando Jesus diz: "Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa..."

-Jonas. Jonas zangou-se com Deus, mas Deus, cansado, engoliu-o numa baleia.

-Milagres. Jesus ressuscitou muitos doentes.

-Quem é o Papa? É o Boticário de Cristo na terra.

-São Lucas. Era médico de nascimento.

-Os saduceus. Eram homens maus que, à tarde, quando não havia sol, perguntavam a jesus porque não havia sol. E ele disse-lhes: "Não me tenteis, que virá uma tempestade de adúlteros".

-Matrimónio e virgindade. Jesus disse-lhes tantas coisas sobre a mulher, que eles decidiram não se casar.

-O mudo. Apresentou-se um mudo e disse-lhe: "Podes curar-me?"

-Que é pecado mortal? O que se comete com perigo de vida.

-O Génesis. No sétimo dia, quando terminou a criação, conta a Biblia, que Deus, cansado da criação, foi para o rio Génesis descansar.

-Fundação da Igreja. Então Jesus Cristo foi procurar um pescador, que era Pedro, e perguntou-lhe: " Tu és Pedro ou pedra?"

-Espécies de pecados. Mortais, veniais e geniais.

-Madalena. Então Jesus encontrou uma mulher muito mais velha, ou seja, adúltera.

-A filha de Jairo. Esta devia ter muita fome, porque mal ressuscitada, pediu de comer.

-Cura do lunático. Então o rapaz, deitando espuma (pela boca) ficou hirto para sempre e pôs-se a correr.

-Zaqueu. Como era muito rico, era um pouco anão.

-Eva. Deus, por amor, criou uma companheira para Adão, entre tantos animais.

-Eucaristia. O principal momento da Eucaristia é quando o sacerdote abençoa o sagrado corpo dos fiéis.

-Saída do Egipto. Os israelitas, perseguidos pelos egipcios , separaram o rio Nilo do mar Vermelho.

-Dilúvio. Noé construiu uma arca sem dizer nada a Adão.

-David e Golias. Por fim David conseguiu circuncidar Golias.

-Pecado Original. O homem foi obrigado ao trabalho e a fazer boas obras no inferno.

-O homem. O homem é inteligente, logo é pecador; não como os animais.

-O Baptismo. Instituiu-o Jesus Cristo quando se fez baptizar no Jordão e se fez católico. O sacramento do Baptismo é recebido numa idade muito precoce dos pais.

-Amor. Temos de amar os nossos inimigos, mesmo que os matemos.

Que Deus os abençoe, estudantes angelicais das aulas de religião. Não sois nenhuns linces, mas a vossa audácia merece distinção."





quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Biblia segundo Saramago"

Deparando com o Jornal de Notícias de 19 de Outubro passado (p. 4-5), li uma entrevista com “José Saramago”, escritor. Fiquei revoltado, porque ofendido nos meus sentimentos cristãos. Mas é sobretudo em nome de tantos outros cristãos que ficaram ofendidos com as tiradas de Saramago que escrevo estas breves linhas. Por mim, não lhe daria qualquer resposta.
Saramago, apesar da fama inegável que lhe reconhecemos como romancista, não pode julgar-se dono de todos os saberes e de todas as ciências, quando faz afirmações sobre a Bíblia como as que tem repetido estes dias. É que a Bíblia não é um romance – como, possivelmente, ele pensa. Por isso, na qualidade de romancista, o senhor Saramago não pode abrir a boca sobre a interpretação do que desconhece, como se depreende pelas suas palavras: “Nunca fui um leitor assíduo na Bíblia, mas penso que a conheço bastante bem”. Se não a leu e sobretudo não a estudou, como pode afirmar que a conhece bastante bem? Além disso, esta afirmação leva a pensar que Saramago faz uma leitura literalista, fundamentalista, da Bíblia. Logo, Saramago é um fundamentalista, no que toca à leitura da Bíblia. Ele devia saber, como literato que é, que não basta ler a letra do texto. É necessário saber o que ele significa. Afinal, onde é que Saramago estudou as línguas, a história, a geografia, numa palavra, o Sitz im Leben da Bíblia e a exegese bíblica, para afirmar que “conhece bastante bem a Bíblia”? Quem lê um texto e não sabe o que ele significa sofre de iliteracia. Daqui estamos a um passo de concluir que Saramago sofre de iliteracia bíblica. Pelas afirmações que fez, Saramago, em qualquer exame de Bíblia, receberia a nota zero. Portanto, Saramago, em Bíblia, é um zero à esquerda. O pior não é o facto de não saber. Disso está antecipadamente desculpado. O pior é pensar que “sabe bastante bem”.
Uma coisa que Saramago deveria saber bem, como literato, é que a Bíblia – quer ele queira quer não – é, talvez, o maior livro da literatura mundial. Quando um literato afirma o que ele afirmou da Bíblia, é de pasmar; melhor, é de ficar a duvidar se ele alguma vez leu a Bíblia, pela perspectiva literária, sobretudo grandes obras da literatura mundial, como o Javista, Job, o Eclesiastes, Isaías, Ezequiel, Lucas….
Mais ainda, ele afirma tudo isto para mostrar a sua falta de respeito basilar em relação a todos os homens e mulheres religiosos, de todas as religiões, mormente do Judaísmo e Cristianismo, as duas religiões da Bíblia. Para ele, afinal, a Bíblia é apenas a “mina” onde vai buscar temas para fazer romances e ganhar milhões. No fim, ainda vem desprezar as religiões da Bíblia. Não lhe interessa nem o Deus da Bíblia, nem os que acreditam nele, pois afirma claramente que Deus só existe na cabeça das pessoas. Vejam só o que Saramago diz de Deus – não o da Bíblia, mas o da cabeça dele: “Deus é vingativo, rancoroso, má pessoa. O Deus da Bíblia, não é de fiar…”. E aqui temos o verdadeiro Saramago: o ateu, o jacobino, o anti-cristão, que ataca, publicamente, os mais íntimos sentimentos das pessoas simples. Sim, porque as outras não se deixam levar pelos seus “disparates” religiosos. Porque é que Saramago não faz tais afirmações num país muçulmano?
Senhor Saramago, por favor, fale-nos de romances. Não fale do que não conhece, a não ser pela ramagem. Olhe que a rama não é a árvore. E esses alardes de que a história de David e Golias é “uma história mal contada”? Quem se julga, para criticar os escritores da Bíblia e, sobretudo, o que tais “estórias” significam para os seus autores? Por escrever romances no nosso tempo, julga-se capacitado para criticar escritores de há mais de 2000? É que o senhor Saramago, pelo facto de ter ganho o Nobel da Literatura, já acredita ter a última palavra sobre todos os assuntos, mesmo na interpretação da Bíblia.
Mas, os disparates não se ficam por aqui. Para o senhor Saramago, “a Bíblia é um manual de maus costumes”. Vê-se que, da Bíblia, apenas leu “os maus costumes”. Não fez caso dos “bons costumes”, da Bíblia, porque isso não lhe deve interessar mesmo nada! Concedemos a Saramago que a Bíblia tem lá alguns dos nossos “maus costumes”, pois ela é o espelho daquilo que a humanidade foi, é e será no futuro (infelizmente). Portanto, tem lá os meus “maus costumes” e também os “maus costumes” de Saramago, sobretudo o de ofender a consciência religiosa dos cristãos menos elucidados. Sim, porque a mim e a muitísimos outros, Saramago nem sequer consegue ofender, pois dele já não se esperava outra coisa. Mas Saramago acrescenta ainda: “A Bíblia está cheia de horrores e violências, carnificinas…”. Claro está que Saramago só viu isso, porque não quis ver outras coisas, aquelas que fazem da Bíblia o grande livro da humanidade: os Evangelhos, a parábola do bom samaritano, do filho pródigo, São Paulo, e tantos outros textos que são permanentes referências do pensamento humano de milhões de milhões de homens e mulheres de há dois mil anos a esta parte. Até parece que durante 2000 anos todos estiveram errados, e Saramago – o iluminado! – veio agora descobrir a pólvora.
E termino, pois já fiz demasiada propaganda do entrevistado: confesso que Saramago me deixou um sentimento de desilusão. Não por ser ateu, mas por ser petulante e, assim, ofender os outros nas suas mais profundas convicções religiosas. Convidamo-lo a não falar mais destes assuntos, para não ofender as pessoas que (ainda) o admiram como romancista. E que Deus – esse Deus em quem ele não acredita – lhe perdoe.

(Herculano Alves - Sacerdote franciscano, especialista em Sagrada Escritura, tradutor e comentador da Bíblia. Voz Portucalense)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

" Um caminhito completamente novo"



"Bem sabeis, minha Madre, que sempre desejei ser santa.
Mas, ai de mim!

Sempre verifiquei, ao comparar-me com os Santos, que há entre eles e eu a mesma diferença que existe entre uma montanha, cujo cume se perde nos céus, e o obscuro grão de areia pisado pelos pés dos caminhantes.

Em vez de desanimar, disse para comigo: Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis. Posso, portanto, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade.

Fazer-me crescer a mim mesma é impossível; tenho de suportar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeições.

Mas quero procurar a maneira de ir para o Céu por um caminhito muito direito, muito curto; um caminhito completamente novo".


Stª Teresinha do Menino Jesus (História de uma Alma)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sede santos...



Um santo é um olhar tranquilo,que pousa em todos com bondade e para distribuir bondade.


É um rosto aberto, para acolher quantos se aproximam.


É um par de ouvidos sempre atentos a escutar as penas dos outros, os problemas dos que estão angustiados.


É um coração que se faz lágrimas com o que chora e risos com o que se alegra.


É uma mão que se estende, leve e amiga, para oferecer a ajuda que o próximo necessita e não se atreve a pedir.


Um santo é um Homem que soube converter-se no crucifixo da vontade de Deus.


Estou a caminho da santidade?... O caminho não é impossível, nem tão difícil como parecia...


terça-feira, 25 de agosto de 2009

A rosa do Sr. Baltazar

Numa noite de silêncio calmo e alegre, parei o meu navio nas águas agitadas da minha existência. Abri porta e fui espiar um barulho frio que havia ao fundo do corredor da minha alma. Fui de devagar para não tropeçar nas minhas recordações alegres, mas com a ânsia de esmagar aquelas que me impediam de ser feliz. O barulho levava-me a recordar uma história triste que tinha acontecido comigo há muitos anos.

Todas as manhãs na minha aldeia de Arco de Baúlhe, ia buscar o pão para a minha mãe e para alguns vizinhos. Morava numa casa que ficava num alto e de lá podia contemplar o mundo, o azul do céu e o verde das montanhas. Às vezes chovia muito e o vento assobiava sempre as mesmas canções. Como era agradável estar no quentinho da cama ouvir o solista do vento acompanhado com orquestra da chuva.

Quando ia ao padeiro ia sempre a correr pois tinha a esperança de correr tanto como o Emil ZatopeK, que apenas numa semana ganhou os 5000 e 10000 metros e a maratona. Tinha sobre ele uma vantagem: é que eu conseguia correr e sorrir ao mesmo tempo, ele não tinha esse talento.

Passava todos os dias à porta do Sr. Baltazar, um velho com cara de pai-natal, com um sorriso que me iluminava por dentro, mesmo nos dias de chuva e de frio. Dizia sempre as mesmas palavras: “olá menino Jorge, como tens passado?” Muito Bem Sr. Baltazar e o Senhor? Respondia eu, mas ele nunca respondia à minha pergunta, dava sempre um sorriso. Sempre que ia ao padeiro tinha que ver aquele avô, que arranjei por afinidade, ninguém sabia, só eu. Às vezes ele tinha a porta fechada, mas eu esperava que ele a abrisse, só para ver o sorriso dele e a pergunta do costume.

Um dia vi muita gente à porta do Sr. Baltazar, fiquei assustado e quis saber o que se passava. Subia as escadas ladeadas de musgo e passei pelo meio daquela multidão, sem dizer nada a ninguém. Tinha entrado para a cozinha, mas ele não estava a li e continuei a procurar, foi ao quarto, mas ele também não estava lá. Fui à sala e vi um caixote muito grande e lá dentro estava ele. O Sr. Baltazar, meu companheiro de todas as manhãs, meu avô, estava morto. Fiquei muito triste, durante semanas esperava que a porta se abrisse, mas o meu amigo não vinha.Só
depois descobri que, quando alguém morre não vem mais.

Numa manhã faltei as aulas, para ir falar com o meu amigo à sua nova morada. Cheguei lá, tentei procurar onde ficava a casa dele, mas não descobri. Então perguntei a um senhor que andava por lá a fazer um buraco na terra e ele logo me indicou. Era um quadrado de terra com uma pedra branca por cima e tinha outra pedra ao alto com uma fotografia num dos cantos e no meio estas letras. “aqui jaz Baltazar Oliveira dos Santos, nasceu em 28-05-1910, morreu em 12-11-1988. Tinha uma jarra de flores secas que cheiravam muito mal.


Fiquei triste ao ver aquilo tudo, colocaram o meu avô num sítio que não tem nada a ver com ele. Onde estava o sorriso dele, no meio daquelas pedras todas? Ele que dava tudo para que os outros vivessem felizes. Quem deu tudo o que tinha deixou de ser ele para ser eternidade. Esses não terão epitáfios em pedras brancas, porque não haverá nada que consiga dizer o que eles ainda são.


Os cemitérios nunca deveriam ter flores cortadas em jarras que cheiram mal nem pedras pesadas, mas rosas plantadas e regadas com amor, para perpetuar o cheiro de vida daqueles que nos deixaram. Como seria bom alguém dizer:“Hoje vou regar a rosa do Sr. Baltazar, para que o jardim da minha vida tenha mais perfume e não me traga aquela tristeza melancólica”.


Fico triste quando visito aquele dormitório de camas pesadas que parece um campo de pedras refugiadas, com letras velhas e retratos sujos. Tratamos tão mal os sorrisos daqueles que passaram para lá do muro da vida. Uma rosa plantada chegava, porque outros haveriam de plantar também a nossa rosa. Antes de voltar á cama, depois desta história, escrevi num papel, para mais tarde recordar:


Fui-te ver onde os homens colocaram tua armadura terrestre.


Não tinhas sombra de flores nem velas de cores a perpetuar o humano que fostes.


A simplicidade das ervas daninhas tomaram conta de um pedaço de terra que tem o teu nome.


Fico contente por saber que não moras aí.Seria pouco para quem amou muito.


Vim só ver se tens o teu retrato limpo.



por Torres Campos em "Diário do Minho"

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um Grão de trigo que deu fruto...


BOM DEUS,
Vivo e verdadeiro,
Louvado sejas pelo Teu amor
Que me dá colo.
É verdade que nunca me infantilizas,
Mas és Deus cheio de ternura.
Aquela ternura que não nos faz mimados,
Mas nos faz fortes,
Porque nos dá a certeza
De que somos amados!
Conduz-me cada vez mais
À arte de confiar como as crianças.
Liberta-me das minhas defesas
E seguranças de adulto,
Dos meus distorcidos amores
E dos meus medos.
E quando estiver a precisar mais de colo
Para repousar um pouco no sono da paz,
Cansado das “lutas de viver”,
Ensina-me a aninhar-me em Ti,
A fechar os olhos confiante,
E a sonhar com o Teu amor por mim.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Festa de Final de Ano

DESPEDIDA

Houve festa de final de ano na Escola EB1 de O.Azemeis nº2. E houve, como sempre as turmas finalistas, que, por norma, têm pena de deixar a escola.

Este ano foi especial. Nunca me apercebi de alunos que chorassem tanto por deixar a escola e a professora. Foi comovente e, sobretudo um sinal de que as crianças foram acarinhadas, respeitadas e ensinadas de tal forma que lhes custou despedir da professora e da própria escola.

Um grande bem haja à Escola, aos professores, às auxiliares, aos pais e a todas as crianças que contribuem para que a escola não seja apenas um edifício, mas uma segunda família, onde todos se sentem bem.

OBRIGADO, ESCOLA DE LAÇÕES.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

LEIGOS BOA NOVA








Os LEIGOS BOA NOVA (instituição ligada aos Missionários da Boa Nova) conceberam um novo projecto de Educação para o desenvolvimento para ser implementado principalmente em escolas e paróquias, que tem como objectivo principal sensibilizar para a luta contra as diversas formas de pobreza existentes no nosso mundo.
Tendo como recursos materiais uma exposição de 12 fotografias de pobreza de vários contextos culturais (que correspondem a cada mês de um ano), um pequeno filme sobre a importância do voluntariado na erradicação da pobreza e na felicidade do ser humano, e uma agenda, este projecto quer levar os adolescentes e jovens a participarem, de alguma forma, no desenvolvimento dos povos, principalmente dos países em desenvolvimento.
No “Age(nda)” há o imperativo da acção (age) dependente doa identidade do ser humano (adn) e urgente (agenda). Por isso, cada acção é única e irrepetível assim como cada ser humano é único e irrepetível. Só há um caminho: o compromisso concreto e atempado de todos nesta luta.
Este projecto surgiu no seguimento de outros projectos de educação para o desenvolvimento que a OMAS / LEIGOS BOA NOVA ao longo dos anos tem vindo a realizar tais como: “Profissão Cidadãos” e “Estamos Contigo”.

Se estiver interessado em levar este projecto à sua escola ou paróquia, por favor, contacte-nos através do correio electrónico – omas.lbn@sapo.pt ou pelos telefones 256899337 / 256899330 (Seminário Missões – Cucujães).



Projecto financiado pela fundação edp

Acorda a fé adormecida!

Quando as angústias dos sofrimentos põem a alma em tempestade, então desperta a fé que nela dormita. Na verdade, o mar estava tranquilo quando Cristo adormeceu no barco. Enquanto ele dormia, levantou-se uma tempestade, e começaram a perigar. Portanto, também no coração cristão haverá tranquilidade e paz, mas somente enquanto estiver desperta a nossa fé. Porém, se a nossa fé adormece, corremos perigo. É isso, precisamente, o que Cristo a dormir significa: quando alguém se esquece da sua fé, corre perigo. Os que vacilavam ante a agitação do barco, acordaram Cristo e disseram-lhe: "Senhor, estamos a afundar-nos!". E Ele ergueu-se, ordenou à tempestade, comandou às vagas, cessou e perigo e fez-se bonança. Assim também, quando te perturbam maus desejos e más persuasões, são ondas, mas acalmar-se-ão. Porventura já desesperas e te julgas perdido para o Senhor: desperte a tua fé, acorda Cristo no teu coração. Erguendo-se a fé, logo vês onde estás.

(S.to Agostinho, Enar. In Ps. 93, 25)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

MENU: FRANGO

Já algum de nós tomou consciência da quantidade de comida que todos os dias estraga; deixa no fundinho do prato porque ja está satisfeito ou porque, simplesmente, não gosta...

Este video dá que pensar: a nós, às nossa crianças, aos supermercados que deitam fora o que ja está quase no fim da validade... e o que se vê no video também acontece aqui, bem pertinho de nós.

A mim deu que pensar... e a vós???

quarta-feira, 13 de maio de 2009

PORTUGAL PRO VIDA (PPV)

O movimento Portugal Pro Vida (PPV) entrega hoje no Tribunal Constitucional o pedido para a constituição de um partido político que pretende concorrer às próximas eleições legislativas.
Luís Botelho Ribeiro, responsável do PPV, disse SOL que o movimento, norteado pela Doutrina Social da Igreja, propõe uma alternativa nos boletins de voto apoiando «as famílias que, gerando novas vidas, asseguram com sacrifício próprio o futuro de Portugal».
Luís Botelho Ribeiro, professor de Engenharia da Universidade do Minho, com 41 anos, considera que a política de educação sexual, levada a cabo pelo Governo, põe os pais à margem e atenta contra a continuidade da sociedade portuguesa.
Questionado pelo SOL sobre a distribuição de preservativos nas escolas, que vai ser debatida nesta semana, o docente posiciona-se completamente contra. «Os manuais não apresentam um projecto de vida, não falam do amor», afirma, acrescentando que a politica de educação sexual só mostra um caminho «único e totalitário para todos». O docente frisa ainda a questão de interesses ligados à indústria dos preservativos.
Em termos de ideologia o PPV não se situa «nem à Esquerda, nem à Direita» de nenhum partido, defende antes uma transversalidade: «Queremos proteger a vida humana, a dignidade e a família». «Se a Esquerda propuser uma medida que respeite estes valores nós apoiamos».
O casamento homossexual é uma questão decisiva para o candidato a partido. Botelho Ribeiro afirma mesmo que é uma medida que põe em causa a continuidade da sociedade portuguesa e que não deve ser uma prioridade. «Conheço homossexuais que não se revêem neste modelo», declara, recordando que as principais preocupações são «o desemprego, a recessão e decrescimento demográfico». «Os pais que geram filhos, aceitam e asseguram o futuro da sociedade, têm que ser recompensados», acrescenta.
O líder do movimento expressou ao SOL a sua crítica à nova lei de financiamento de partidos adiantando que o PPV pretende concorrer às próximas legislativas sem «orçamento eleitoral nem outdoors», porque acredita que «a votação não é proporcional ao número de cartazes». «Confiamos na mensagem que passa de pessoa a pessoa e no nosso discurso».
O PPV faz ainda nesta quarta-feira uma homenagem a Nun'Álvares Pereira, «uma figura modelar de coragem cívica e patriotismo luso», na Igreja do Santo Condestável em Lisboa, e espera «sob a sua alçada defender a continuidade de Portugal» como ele defendeu a independência do país.
In "Sol"

Uma forma de dar fruto...


Espero que o dono destas fotos não se importe que as partilhe convosco.
Achei importante porque penso que este é um belíssimo exemplo de partilha, humildade e sobretudo fé.
O Padre Amaro é um jovem de 27 anos, missionário da Boa Nova, que há quase um ano se entregou de corpo e alma à Missão que lhe foi confiada no Chibuto, em Moçambique.
Com o lema do "Bom Pastor", lá se vai entregando às suas "ovelhinhas" que, como se pode ver nas fotos, bem precisam de quem as oriente.
Espero que quem vir estas imagens pense um pouquinho no que temos a mais e no que tantos têm de menos (basta olhar para as "locais de culto).
Sejamos, tanto na nossa casa como em qualquer outro sítio, "bons pastores".
Um abraço fraterno.

sábado, 9 de maio de 2009

SOU APRENDIZ

Sou aprendiz, mãe,
deste teu amor que fala de Deus,
que me faz acreditar
que o coração de cada homem também é céu,
pois nele Deus fez morada.
Sou aprendiz, mãe,
deste teu amor que jamais se cansa
e que não se arrepende de amar.
Sou aprendiz deste teu amor
que ama com gratuidade,
e que revelou ter
apenas uma necessidade: amar.
Aprendo de ti a acreditar no amor,
e quanto mais acredito, também descubro
que tu és uma parcela de bondade
que Deus semeou nesta terra,
para gerar vida e felicidade.
Sou teu aprendiz, mãe!

sábado, 2 de maio de 2009

Stick Figure Family

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PRECE


Senhor, meu Deus

Eis-me aqui, na Tua presença

para Te agradecer o dom de ser mãe.

É uma graça imensa, que não posso entender totalmente.

Curvo-me reverentemente diante desse mistério, como fez Maria, a Mãe das mães.

E tento viver, com a tua ajuda, esta missão à qual me chamaste.

Agradeço-te, ó bom Pai, as alegrias que os meus filhos semeiam na minha vida

E a coragem que me tens dado para enfrentar os momentos difíceis:

as incompreensões, as rebeldias, a doença, as provocações…

por outras palavras, obrigada pelas cruzes que, com a Tua força, pude assumir e abraçar.

Elas engrandecem a minha fé,

e aprendi que ter problemas na vida não significa ter vida infeliz;

é possível vencer muitas batalhas, pondo os joelhos no chão e a vida nas tuas mãos.

Obrigada Senhor pela minha família, ela completa a minha existência.

Permite-nos harmonizar juntos as nossas diferenças, para construirmos dia-a-dia o nosso lar e as nossas vidas.

Abençoa Senhor o pai dos meus filhos.

E inspira-me ser mãe segundo o Teu coração.

Amém.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Será isto um blog?

Olá a quem tiver a feliz ou infeliz ideia (fica ao vosso critério) de ler isto.

Decidi criar um blog nem eu sei bem porquê. Talvez porque, apesar da aparente insignificância da minha vida, eu sou muito, mas muito feliz.
E, embora os meus dias me pareçam todos iguais, pensando bem, descubro em cada um deles qualquer coisa de diferente - boa ou menos boa - que torna cada dia especial.

Tenho 36 anos, sou casada com um Marido de letra grande, ou seja, perfeito. Tenho duas filhas de 10 e 4 anos, que são, junto com o meu marido, as principais razões da minha vida. Além disso, estou num local de trabalho que adoro e onde me sinto perfeitamente bem. Tenho amigas de trabalho e amigos pertencentes à "classe patronal".

Sou Cristã Católica e praticante. Faço os possíveis por acreditar que Deus está presente em toda a minha vida, nas tais coisas boas e menos boas, nos amigos, na família... É claro que com a "vida perfeita" que eu digo que tenho, é relativamente facil sentir Deus.
Ainda não fui posta à prova. Mesmo com 36 anos, tenho ainda muito que crescer e aprender: como mãe, como esposa, como filha, como cristã...

Daí esta espécie de diário partilhado. Como não sou muito faladora, talvez esta seja uma forma de pôr cá fora o que penso e não consigo exprimir oralmente mas que me sai relativamente fácil por erscrito. Se alguém ler isto, até pode ser que tenha ideias que pode partilhar comigo. Sou crente mas não sou beata :)

Beijinhos e obrigado a quem me aturar...